Mulheres jovens de todo o país têm usado as redes sociais para denunciar relacionamentos abusivos. Mas, afinal, como definir o que é um relacionamento abusivo? O Estado de Minas ouviu especialistas para entender como identificá-lo e como sair dele.
Os relacionamentos abusivos ocorrem quando há discrepância no poder de um em relação ao outro. Eles não surgem do nada e, mesmo que as violências não se apresentem de forma clara, os abusos estão ali, presentes desde o início. É preciso esclarecer que a relação classificada como abusiva não começa com violências explícitas, como ameaças e agressões físicas.
O Estado de Minas mostra como a violência doméstica é um problema social e de saúde pública e, que quando se fala de comportamento, a raiz do problema está na socialização.
A psicóloga Maísa Guimarães, pesquisadora do estudo de gênero, aponta que nos últimos anos o casamento perdeu o peso social que sempre carregou e as relações mudaram, mas a posição de dependência da mulher dentro delas, porém, permanece.
Ainda é amplamente comum ensinar às mulheres que, algum dia e de algum modo, elas serão salvas. A ameaça da solidão é quase uma punição para mulheres socializadas para ter sua existência legitimada por homens. Para eles, contudo, a educação é diferente.
Danos à liberdade
Para a Não Era Amor, atendimento especializado a mulheres vítimas de relacionamento abusivo, é considerado abuso quando causa ou visa causar danos à liberdade, individualidade, privacidade, identidade, intimidade, corpo, autoestima e desenvolvimento da pessoa.
Manipulação camuflada
Visto de fora, e até mesmo de dentro, um relacionamento abusivo pode parecer uma convivência normal, isso porque um dos primeiros sintomas desse tipo de relação envolve controle, manipulação e posse, mas tudo muito camuflado como cuidado. Pollyanna Abreu, idealizadora da Não Era Amor, diz que sentimentos recorrentes como dúvida, confusão mental, ansiedade, insegurança e esperança de que o parceiro mude fazem parte de uma relação abusiva.
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Não existe uma fórmula para atingir a imunidade em um relacionamento abusivo, até porque, como esclarecido acima, vivemos numa sociedade onde violências de gênero são aceitas e normalizadas. Entretanto, cada vez mais é possível reivindicar o lugar da mulher na relação ao compreender que ela pode ser mais do que o ideal.
Denuncie a violência e busque ajuda
A mulher deve buscar ajuda de uma psicóloga especializada e se apoiar nas pessoas que a amam de verdade. Para denunciar relações abusivas, ligue 180, em caso de violência contra mulheres, e 190, em situações de emergência.