Três funcionários de fazenda são mortos a tiros durante ação da PM em Cristalina; patrões creem que eles foram baleados por ‘engano’
Ricardo Soares
Três funcionários de uma fazenda foram mortos a tiros durante uma ação da Polícia Militar em Cristalina, no Entorno do Distrito Federal. A corporação afirma que foi ao local averiguar uma denúncia de roubo de cabeças de gado, foi recebida a tiros e revidou. No entanto, os donos da propriedade alegam que os empregados tinham saído para caçar javalis e acreditam que eles foram assassinados por engano. A Polícia Civil apura o caso.
A ocorrência aconteceu na noite de quarta-feira (25). Durante a ação, morreram Francisco da Silva Chaves, de 41 anos, Nelson da Silva Cardoso, de 38, e Aleff Nunes Souto, de 22.
Em nota, a assessoria da PM informou que, ao checar uma situação de roubo na região, “se deparou com indivíduos armados que fizeram disparos em direção aos policiais, vindo a atingir a viatura, e que, neste momento, desembarcaram e fizeram o revide”. Destacou também que o caso foi apresentado e será apurado pelas autoridades competentes (leia a íntegra ao final do texto).
‘Lugar errado, hora errada’
Uma das proprietárias da fazenda, que preferiu não se identificar, afirmou que os funcionários nunca tiveram qualquer problema, eram pais de família e profissionais dedicados – Francisco trabalhava no local havia 11 anos.
Ela contou que os empregados tinha saído em motos para caçar javalis na região e levaram armas específicas para a atividade. A mulher não acredita que eles tenham atirado contra os policiais.
“Eles não eram bandidos. Eles estavam levando o porco [abatido] junto com eles nas motos. Não estou afirmando nada, mas acredito que eles estavam no lugar errado, na hora errada”, afirmou ao G1.
“A gente acredita que teve um despreparo e um excesso cometido por algum engano. Nessa possibilidade [que eles atiraram contra os policiais], eu não posso acreditar, porque são pessoas extremamente pacíficas. Foi lastimável o que aconteceu”, complementa.
Na fazenda é feito o cultivo de grãos. A proprietária das terras afirma que não foi ela quem denunciou o roubo de gado à polícia e que o chamado deve ter sido feito por algum vizinho.
“Nós não temos nada contra a patrulha. Nós precisamos dela lá. Eles receberam uma denúncia de que haviam matado e roubado vacas na região. Mas, com certeza absoluta, não eram os nossos funcionários que estavam fazendo isso”, desabafa.
Investigação
De acordo com a assessoria da Polícia Civil, um inquérito já foi instaurado para investigar o caso. A corporação relatou ainda que os policiais militares foram até a delegacia e prestaram depoimento. A corporação trabalha com a hipótese de “legítima defesa por parte da PM”.
No relato da ocorrência, feito com base no que foi dito pelos militares, consta que uma pessoa acionou a polícia alegando sobre o furto de gado e que tinha visto “pessoas armadas na propriedade”.
O boletim diz que os baleados chegaram a ser levados para uma unidade de saúde, mas não resistiram. Foram solicitados exames periciais do local do fato e das armas dos policiais e dos envolvidos.
Nota da PM:
A Polícia Militar de Goiás informa que, foi realizado registro de ocorrência na noite do dia 25/11/2020, aonde uma equipe fora empenhada para averiguar situação de roubo em propriedade rural na cidade de Cristalina. Ao chegar próximo do local, a equipe deparou com indivíduos armados que fizeram disparos em direção aos policiais vindo a atingir a viatura, e que neste momento desembarcaram e fizeram o revide. Vale ressaltar que o empenho das viaturas na região se deu exatamente pelos roubos de gado ocorridos nos dias anteriores em que foram mortos e subtraídos diversos semoventes das propriedades vizinhas. Os envolvidos na ocorrência apresentaram os fatos a autoridade competente que ficará a cargo das investigações.
Esta assessoria informa ainda que o fato será apurado e reitera o compromisso com a garantia da Segurança Pública da sociedade goiana.