O alvo do atentado que deixou três mortos e três pessoas baleadas na tarde desta terça-feira (5), na praia de Jaguaribe, era Lucas Santos da Cruz, de 27 anos. Ele foi atingido pelos suspeitos e morreu na hora. Segundo a Polícia Militar, os homens chegaram de moto, e dois desceram até a areia, onde teve início o tiroteio.
Testemunhas que estavam no local afirmaram ao CORREIO que os atiradores identificaram um segundo alvo, que conseguiu correr. Por causa disso, o grupo abriu fogo na praia, atirando aleatoriamente em direção aos banhistas. Entre os atingidos estava a jovem Juliana Celina da Santana Silva Alcântara, de 20 anos. Ela era estudante de biomedicina na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.
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Juliana sequer teve tempo de reagir a tudo que aconteceu ao seu redor: morreu sentada em uma cadeira de praia com um tiro na cabeça. Testemunhas contaram que seu corpo foi coberto por uma canga.
Os familiares que acompanhavam Juliana ficaram ao lado do corpo da vítima. A mãe dela, Elenilce Alcântara, foi encaminhada para a UPA de Itapuã depois de ser atingida por um tiro de raspão. Ela já foi liberada.
André Luiz Cunha dos Santos também foi atingido pelos disparos e foi socorrido para a Unidade de Pronto-Atendimento de Itapuã. Inicialmente a unidade e a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) informaram que ele havia morrido no atentado, porém a informação foi corrigida às 22h30. André passou por uma cirurgia e se recupera. Em uma rede social, um amigo informou que ‘ele está vivo e lúcido’.
Outra vítima foi Igor Oliveira Lima Filho, de 16 anos. O adolescente gostava muito de jogar futevôlei. A bola estava logo na descrição de uma das suas contas nas redes sociais, como um cartão de visitas de um menino apaixonado pela redonda e o universo de magia que ela oferece.
Somadas, a bola e a praia de Jaguaribe eram duas paixões de Igor – e a cruel fatalidade do destino quis que sua vida, tão jovem, se fosse durante uma tarde ao lado de duas das coisas que mais amava.
Um amigo de Igor contou ao CORREIO que ele era o mais velho de três irmãos e morava no condomínio Le Parc, na Avenida Paralela. “Até por isso o gosto por Jaguaribe, rapidinho chegava lá”, disse a fonte antes de classificá-lo como estudioso, boleiro e de família.
Outro sobrevivente é um homem que foi socorrido pelo Samu para o Hospital Geral do Estado (HGE) em estado grave, com perfuração no tórax e coxa esquerda, de acordo com informações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
De acordo com o comandante da patrulha de Polícia Militar que atendeu a ocorrência, Eurico Filho, os bandidos foram até a areia da praia para executar Lucas.
O CORREIO apurou que o alvo principal da ação, Lucas Santos da Cruz, morava em frente ao Beco Toque de Bola, na Boca do Rio, e possuía entrada por tráfico de drogas, além de realizar assaltos na região.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP/BA) afirmou estar indignada com o crime bárbaro e informou que determinou ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) prioridade na investigação dos homicídios ocorridos.
Ainda de acordo com a SSP, informações iniciais apontam para uma relação com o tráfico de drogas. Além disso, a secretaria declarou que testemunhas estão sendo ouvidas e imagens de câmeras da região serão analisadas.
A praia de Jaguaribe é muito conhecida por ser um point famoso de surfistas por conta de suas boas ondas. Durante toda semana, escolinhas de surfe fazem aulas por ali para iniciar novos aspirantes ao esporte, mas a praia também é bem vista por quem é mais experiente. Além disso, Jaguaribe também é muito frequentada por banhistas que moram na região de Patamares, Piatã, Itapuã, Boca do Rio, Imbuí e adjacências. A tarde de hoje estava tranquila, com poucas pessoas na faixa de areia. Até que tudo aconteceu.
De acordo com a testemunha, os bandidos encostaram na barraca onde estava Lucas. O sobrevivente afirma que aparentemente havia dois alvos e por isso aconteceram os disparos aleatórios.
“Foi o que tomou o primeiro tiro. O vi andando até a praia, ele estava com um buraco aberto, foi bem bizarro. Eu fui desesperado correndo para o mar. Eram aparentemente três caras, dois foram para a areia e um foi pra calçada”, disse à reportagem do CORREIO.
Uma jovem que foi até Jaguaribe com a amiga diz que saiu aproximadamente 15 minutos antes de tudo acontecer. A pessoa que estava com ela viu tudo e correu quando ouviu os primeiros disparos. “Foi a pior coisa que já vivi em minha vida. Desde o ano passado não ia à praia por causa da pandemia, hoje decidi arriscar porque estava com saudade do mar e acabou assim”, contou.
MATÉRIA DO JORNAL CORREIO 24 HORAS